Experimentar o dia a dia com os pequenos não é tarefa fácil e muitos pais ficam perdidos nessa convivência com a criança. É preciso estar sempre atento porque tudo vira vocabulário: o que se fala dentro de casa, desenhos, filmes, pessoas… As crianças aprendem por imitação e reproduzem o que está sendo dito ao redor, mesmo sem ter noção da dimensão exata do significado.
Assim como os adultos, quando incomodada, brava ou com raiva, a criança expressa seus sentimentos, tem vontade de ir para seu canto e, às vezes, reproduz falas como “eu te odeio”, “sai daqui”, “vocês não são mais meus pais”, “nunca mais falem comigo”. Tudo isso é normal e saudável. Faz parte do processo de luta pelo próprio espaço e de amadurecimento, em que é necessário separar as satisfações e frustrações nas relações. É importantíssimo que ela se sinta à vontade e segura para demonstrar sua insatisfação.
Contudo, muitos pais se magoam com esse movimento, porque levam a sério uma frase de criança como se fosse um adulto falando; recebem esse comportamento com um grau de realidade, intensidade e gravidade que não deve ser considerado. Como falamos anteriormente, os pequenos não compreendem o peso de determinadas falas do mundo adulto. Isso vem com o amadurecimento do psiquismo.
Quando ela usa frases desse tipo, quem dá o impacto ao que foi dito são os adultos, assim como, é a plateia que dá o ibope ao anunciante. Há, sim, responsáveis que buscam profissionais porque estão verdadeiramente sentidos com esse rechaço dos filhos. Inclusive, existem aqueles que nomeiam isso aos pequenos.
Se a criança perceber que ganhou o domínio dos pais com esse tipo de comentário, vai continuar, achando que tem poder e é madura, quando na verdade ainda está em processo de formação. Em matéria de afetividade, os psiquismos infantil e do adulto são diferentes e entendem a realidade de formas distintas. Nos primeiros anos de vida, ainda não se tem calcado o que é amor, ódio, tristeza, alegria, por exemplo.
