Tem muita gente que está passando de boa pela quarentena, pois está num espaço físico legal, com bom convívio com as pessoas, com o trabalho organizado e, principalmente, com tempo disponível na agenda. Mas há quem esteja vivendo um verdadeiro desafio.
Há famílias – mulheres principalmente – sobrecarregadas entre os cuidados com a casa e as crianças, a agenda de trabalho com reuniões sem fim, responsabilidades… Tem também aqueles que dividem o tempo entre trabalho, cursos, faculdade ou pós-graduação, casa, atividades. Enfim, uma diversidade tamanha de desafios e dilemas que surgem quando é necessário rever a rotina.
Administrar o tempo não é tarefa fácil. Lidar com a invasão de privacidade gerada por vídeo chamadas infinitas ou pela exigência de ficar com a câmera ligada durante as 08h de trabalho – que por vezes duram muito mais do que isso – é difícil para todos. Falta um escritório reservado, um espaço com cenário apropriado para o vídeo sem animais de estimação fazendo ruídos, nem pessoas passando. Ou seja, um local com privacidade de fato.
Perdeu-se o limite entre público e privado. Mesclaram-se rotinas totalmente diferentes em um único espaço físico. E delimitar esse espaço é trabalho do sujeito. Enquanto não se negocia o intervalo entre reuniões, algumas pausas importantes (banheiro e café, por exemplo) e prioridades, os profissionais tendem a ser tomados pelo trabalho.
Quando se tem crianças e pré-adolescentes em casa é mais desafiador ainda. É preciso conciliar a agenda de trabalho com a de aulas e com toda a assistência da qual necessitam. Alguns casais têm se revezado no cuidado com os pequenos, determinando horários específicos para cada um, o que possibilita aos dois trabalharem e compartilharem as demandas da casa.
É preciso chegar em um equilíbrio saudável entre ficar trancado dentro de um escritório de casa e viver as demais demandas do lar.
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