Percebemos em muitos adultos a dificuldade em cumprir prazos, horários, acordar cedo, atender a compromissos, ter regularidade na alimentação. Ou seja, questões relacionadas com rotina, hábito e gestão de tempo.
Isso diz respeito aos primeiros anos de vida. É por por meio da nossa família, principalmente na primeira infância, que aprendemos como lidar com o tempo – acordar, comer, trocar fralda, tomar banho, dormir… Posteriormente, a escola passa a fazer parte e corrobora, ainda mais, com essa ideia.
Manter os mesmos horários de alimentação, por exemplo, é importantíssimo, pois mesmo que a criança ainda não tenha ideia de que horas são, o inconsciente fica marcado pela irregularidade das refeições, o que gera sensações de instabilidade e insegurança. Principalmente quando consideramos que o nutrir-se está diretamente ligado tanto à sobrevivência física, quanto à psíquica.
A rotina traz a noção de estabilidade – de previsibilidade -, o que torna a indivíduo cada vez mais seguro. Por isso, nesse momento em que somos chamados a ficar em casa, fala-se tanto sobre a importância de se manter certa rotina, pois junto a ela, vem a segurança, tão desejada em um período de instabilidades.
Infelizmente, em nossa cultura a rotina não é encarada de forma saudável, mas aparece como “a chata”; um castigo, tanto que expressões como “o casamento caiu na rotina” ou “preciso sair da rotina” são muito comuns. Contudo, a estabilidade proporcionada é extremamente assertiva; quanto mais conhecemos o ambiente e as pessoas que estão à nossa volta, mais segurança teremos. De forma alguma isso significa monotonia ou chatice.
Fato é que o gerenciamento do tempo pode ser visto de maneira positiva, se o indivíduo compreender que ele é o sujeito do seu tempo, mas também, dependendo de como se encara a questão, pode ser objeto dele.
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